Lenda do UFC Dustin Poirier: "Sou um grande fã de Topuria e concordo que ele tem o melhor boxe."

Após mais de quinze anos de carreira, Dustin Poirier está pendurando as luvas. Costuma-se dizer que a parte mais difícil não é entrar no esporte, mas sim sair, ainda mais quando se é um astro que ganha milhões cada vez que pisa no octógono. Mas o nativo da Louisiana é claro: é uma questão de prioridades: a família vem em primeiro lugar. Poirier se despedirá em grande estilo, lutando em casa (Nova Orleans, a poucos quilômetros de Lafayette, sua cidade natal) e com a chance de conquistar o título da BMF contra Max Holloway, a quem já derrotou duas vezes. O americano conversou com exclusividade com a ABC MMA durante a Fight Week para discutir o significado de sua aposentadoria, o legado que deixa para trás e a figura de Ilia Topuria, com quem não poderá mais cruzar o caminho.
Chegou a hora. Depois de 14 anos na maior liga de artes marciais mistas do mundo, esta é a sua última dança no UFC. Como você encara esta última semana de luta da sua carreira?
Estou animado. É um pouco diferente estar aqui em casa, já que é minha última luta. Mas estou muito bem preparado e mal posso esperar para a luta começar.
Vamos falar sobre a luta. O que você espera da luta contra outra lenda como Max Holloway?
-Espero uma guerra. Acho que será uma luta muito dura para nós dois. Uma luta emocionante para os fãs. Vai ser uma batalha, assim como da última vez.
- Considerando que você já derrotou Max Holloway duas vezes, que tipo de ajustes você conseguiu fazer para esta trilogia com o havaiano?
— Fiz basicamente o que faço em todos os campos de treinamento. Nos concentramos um pouco mais no kickboxing, mas o mais importante era chegar na melhor forma possível, porque o Max é conhecido pelo seu cardio, sua resistência, seu ritmo, seu volume, então tentamos nos preparar da melhor maneira possível para responder a tudo com fogo e estarmos afiados o suficiente para nos esforçar por 25 minutos.
Holloway falou sobre essa luta em termos de legado. O que essa luta de despedida significa para o seu legado?
Ele é o ex-campeão mundial [do UFC], atual campeão da BMF. Há muita coisa em jogo aqui. Ter duas vitórias sobre esse cara já é algo grandioso, ter três vitórias sobre um dos melhores que já pisaram no octógono do UFC, um futuro membro do Hall da Fama, um ex-campeão multicampeão... É o cara sobre quem muita gente pergunta, é uma luta enorme para mim.
Você teve uma carreira de muito sucesso, tendo sido campeão interino e desafiante ao título indiscutível diversas vezes. Como gostaria de ser lembrado no esporte?
Quero ser lembrado como aquele cara que, ao entrar no octógono, você sabia que seria uma batalha, uma guerra imperdível. Não quero ser lembrado como alguém que entrou lá para vencer uma luta por decisão, com jabs e círculos. Entrei lá, dei tudo de mim, me coloquei em perigo para finalizar e sempre me entreguei com tudo. Só quero ser lembrado como um perseguidor de sonhos.
- Talvez eu esteja esperando sua resposta, mas preciso fazer uma pergunta. Imagine um cenário em que você vence de forma espetacular e o UFC te liga para avisar que vão te dar mais uma luta pelo título. Você aceitaria?
-Acho que terminei, terminei. Depois disso, acabou.
Quero te perguntar sobre um nome que anda roubando a cena ultimamente, Ilia Topuria. Como você imagina uma luta contra ele?
-Uma luta de alto nível, com certeza.
-Como você considera Ilia Topuria como lutadora?
Sou um grande fã dele. O que ele fez é incrível, e ele ainda é bem jovem. Acho que ele vai continuar crescendo e fazendo o que faz. Então, ele definitivamente tem um fã em mim.
- Você sempre teve um dos melhores boxeadores do UFC. Atualmente, muitos acreditam que Topuria tem o melhor boxe do esporte. O que você acha?
- É difícil discordar. É definitivamente bom, está lá em cima.
- Uma das lutas que o UFC ainda não definiu é a entre Topuria e Islam Makhachev. O que você acha que vai acontecer nessa luta?
É difícil dizer. Acho que o tamanho faz diferença. O Islam é enorme para 70 kg (peso leve), e acho que ele se adaptará muito bem aos 77 kg (peso médio). Nunca vi o Ilia pessoalmente, então não tenho certeza do tamanho dele. Mas com um cara como o Islam, se ele conseguir uma queda, acho que o Ilia terá dificuldade para se levantar. Cada um de nós pode ter sua opinião e julgar o que acha que aconteceria, mas com certeza seria uma luta incrível. Só acho que o Islam seria grande demais para o Ilia, mas o Ilia também consegue dar aquele golpe final; ele nocauteia qualquer um.
-Voltando à sua carreira, há algum oponente que você nunca enfrentou e que gostaria de ter enfrentado?
- É, Nate Diaz, que caiu algumas vezes e nunca conseguiu. Essa foi a luta que escapou.
- Uma das maiores rivalidades do esporte foi a sua contra Conor McGregor. Como você se lembra dela agora?
-Eu chutei a bunda dele duas vezes.
-Quando sua carreira competitiva terminar, você planeja continuar treinando?
Não, não é uma paixão minha. Eu adoraria ajudar algumas crianças de vez em quando, ajudá-las a se preparar para as lutas, mas não vou ser treinador nem administrar uma academia.
-Qual você acha que é o maior legado que você deixa para as artes marciais mistas?
- Ser um cara que sempre vinha para lutar, um cara que se recompunha sempre que não conseguia. Um trabalhador esforçado, alguém dedicado à sua arte — é isso que eu tenho sido.
abc